Em coletiva de divulgação do Relatório de Política Monetária na quinta-feira (18), o presidente do Banco Central Gabriel Galípolo reforçou uma mensagem única e consistente: o BC não oferece guidance explícito, não indica previamente decisões futuras do Copom e tampouco fecha portas para um eventual corte de juros já em janeiro.
“Não há nenhuma seta dada e nenhuma porta fechada para as próximas reuniões do Copom”, disse Galípolo.
Galípolo procurou esvaziar a leitura de que palavras do comunicado, projeções de inflação ou qualquer variável isolada funcionem como gatilhos automáticos para decisões de política monetária.
Segundo o presidente da autoridade monetária, as projeções, inclusive a estimativa de inflação em torno de 3,2% no horizonte relevante, são apenas um dos diversos insumos considerados, ao lado do balanço de riscos, hiato do produto, expectativas, atividade e mercado de trabalho.
Galípolo e o diretor Diogo Guillen criticaram a visão “mecanicista” do mercado e destacaram a elevada incerteza inerente a projeções de longo prazo, reforçando que não há um único número ou sinal que determine a decisão do Copom.
A comunicação também buscou relativizar interpretações recentes do mercado, que passaram a atribuir maior probabilidade de manutenção da Selic em janeiro após a última reunião e diante de ruídos políticos e eleitorais.
Segundo Galípolo, fatores políticos só entram na função de reação do Banco Central se afetarem fundamentos relevantes para a inflação, lembrando que o horizonte relevante da política monetária já atravessa o período eleitoral.
Com as falas de ontem, o Banco Central reforça uma comunicação deliberadamente cautelosa, sem guidance, se colocando dependente dos dados.
"Seguimos na aposta de corte de juros em janeiro (-0,25 p.p.), com claro risco de postergação do corte para março", diz Costa.
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